“Onde os fracos não tem vez” é aquele tipo de filme que depois de assistir você se pergunta: “Como eu ainda não tinha assistido?”
O filme apresenta o duelo entre um assassino profissional, com seus estranhos códigos de ética, contra um pacato, e de poucas palavras, cidadão texano. O modo que a história é contada, parece ser uma disputa entre dois pistoleiros de filmes de faroeste, a diferença é que não existem cavalos, esporas e outros elementos que os caracterizem como cowboys.
Para dar um pouco de sobriedade a história e ser uma espécie de mediador, temos o xerife da cidade, que prestes a se aposentar tenta entender e resolver os crimes que vem atormentando a paz de sua pequena cidade.
O filme inicia com a prisão de Chigurh (Javier Bardem) e o estranho equipamento que carrega. Já na delegacia, o assassino mostra o seu grau de audácia, falta de piedade e sangue frio ao assassinar o policial e, um pouco, mais para frente mostrando o uso deu equipamento.

Chigurh mostrando toda sua personalidade no início do filme
Enquanto isso Llewelyn (Josh Brolin) fracassa na sua tentativa de caçar servos. O tiro, que não foi certeiro, apenas serviu para demonstrar a distância entre as personalidades dos dois personagens que travarão seu duelo ao longo do filme. Mas a frustrada caçada não serviu apenas para frustrar o dia do pacto cidadão texano. Indo atrás do cervo ferido, Llewlyn acaba encontrando o que seria o desfecho de uma negociação, de traficante de drogas, que não acabou muito bem e de bônus leva uma maleta com 2 milhões de dólares para casa.
E esse é o início jogo de gato e rato, em que os personagens são colocados, cada um em sua primeira casa do tabuleiro.
Llewlyn na tentativa, até inocente, de fugir do psicopata Chigurh manda sua mulher de ônibus para a casa de sua sogra. Inicia sua solitária fuga, mudando de carro, roupas e tudo o que for possível para tentar deixar o psicótico assassino para trás.
Chigurh, por sua vez, é implacável na busca do texano. Em momentos que parece entediado, mata uma ou duas pessoas para, depois voltar suas atenções novamente para Llewlyn. Chigurh se comporta como uma divindade, decidindo a vida das pessoas sem notificá-las que podem morrer. Uma espécie de juiz no dia do julgamento final.

Agora, decidindo quem vive ou morre através de uma moeda.
Em um outro universo, sempre atrasado, vem o xerife Bell (Tommy Lee Jones), servindo como ponto de conexão entre a realidade e o, lendário, duelo que o jogo de gato e rato se tornará. Bell serve para acalmar os nervos, a pausa para poder respirar depois de cenas em que apenas uma parede separam o perseguido e o perseguidor.
As cenas de ação, ao contrário de muitos filmes, tem momentos de silêncio que te levam para a ponta da cadeira. A tensão de não saber o que acontecerá no segundo seguinte é muito mais forte que uma longa sequência de explosões e tiros sem nenhuma lógica.
Apesar do humor não ser a principal preocupação do filme, é possível ter seus momentos de riso com as leves ironias e sarcasmos presente ao longo da história.
O fim, não poderia ser diferente, visto pelo olhos do xerife. Que serviu de ponto de conexão entre a realidade e lenda, se tornará o canal de distribuição da história, fazendo com que o duelo entre Llewlyn e Chigurh se torne conhecido por todos, ficando a dúvida de onde termina a realidade e se inicia a fantasia dos contos de um xerife aposentado.
“Os Fracos Não Tem Vez” ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2008, além do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante para Javier Bardem, que foi, no mínimo, perturbador no papel de Chigurh, o assassino com seu estranho código de ética.
Abaixo, assista o trailer e veja algumas imagens do filme.